Thursday, May 20, 2010

Tudo pode dar certo – Woody Allen

Sobre o quê: Um velho inteligente e mal humorado conhece uma garota burra e bem humorada. Será que eles podem viver uma história de amor?

Crítica: Tudo pode dar certo?

Quando um filme começa com uma tradução tão propositalmente errada quanto essa, poucas são as chances de ele dar certo. O filme do Woody Allen se chama o que quer que dê certo ou qualquer coisa que dê certo ou ainda seja lá o que der certo e muitas outras opções de tradução, mas não, ele não se chama tudo pode dar certo.
Dito isso, vamos à crítica, se é que isso é necessário depois dessa introdução. Tudo pode dar certo tem tudo pra dar certo, afinal foi Woody Allen quem escreveu e dirigiu, fora isso, é passado em nova Iorque, tem uma atriz loura e bonita, tem diálogos engraçados. Será que Woody Allen é só isso? Foi o que fiquei pensando ontem depois de assistir ‘whaterver works”.
Talvez o fato que vou contar agora tenha me influenciado. Essa história não é nova.( E qual é???), Bom, ela estava no fundo da gaveta do autor há muitos e muitos anos quando ele resolveu desenterra-la e leva-la para o cinema. Não sei se foi isso que me fez ver o filme como se fosse um rascunho ruim de “noivo neurótico e noiva nervosa”. O que posso dizer do fundo do meu coração é: aquela coisa não é Woody Allen. É alguém que ele foi antes de ser ele ou alguém que ele é hoje em dia, depois de ser ele, entendem? Sei que é complicado, mas se tornar um diretor de sucesso numa Hollywood de cenas de ação, carros amassados e 007s não deve ter sido fácil. Por isso, os primeiros filmes dele são tão extraordinariamente bons, eles tinham que ser, ou não seriam nem filmados. Ser Woody Allen hoje, quase 40 anos depois, é bem diferente. Hoje ele é aquele cara que faz você rir antes de contar a piada.
Pra se ter uma idéia do que eu digo, das 5 pessoas que estavam antes de mim na fila, zero sabiam o nome do filme, só disseram que queriam ver o filme do Woody Allen, tanto que quando eu falei ingenuamente “tudo pode dar certo” pra bilheteira ela ficou me olhando e teve de racionar até ligar o nome à pessoa.
Foi exatamente isso que fez esse roteiro sair da gaveta. Hoje em dia, pouco importa, é dele, será visto, vende. As piadas não são ruins, mas algumas são vergonhosamente velhas. No entanto, a esperança woodyallenana nos faz acreditar que haverá um final ou algo que transforme aquele monte de diálogos e cenas engraçadinhas num filme do nosso diretor. É quando chega a hora de lembrar da frase inicial do filme, como um oráculo, ele prevê: você não vai se sentir melhor depois desse filme. Sabe por quê? Porque esse não é um filme digno dele. Todo mundo se sente melhor depois de um bom filme, não importa se é uma comédia hilariante ou um dramalhão, filme bom é aquele que faz você se sentir melhor, mesmo que isso lhe provoque lágrimas.
Depois de um filme bom, você sente que aquelas duas horas que passou no cinema foram extremamente importantes e, sem elas, você não seria o que é hoje, porque um filme bom te torna uma pessoa melhor.
Esse é ponto, é por isso que ele diz que você não vai se sentir melhor. E talvez essa seja a melhor parte do filme, pelo menos é a única que tem realmente a genialidade do Woody Allen. O resto é infantil, é pré ou pós algo que mereceu nossos aplausos. Normalmente, a velhice chega ridícula, mas pelo menos é mais sábia. Uma velhice com a inexperiência de um adolescente é, no mínimo, um vexame. Tristemente, essa é a minha definição para whatever works. Nothings worked.

Gisela Cesario