Friday, January 29, 2010

Um homem chamado Jesus – Frei Beto

Sobre o quê: Frei Beto conta uma história que todos conhecemos ou já ouvimos falar: o Novo Testamento. A diferença é tom de romance de ficção, onde Jesus é o personagem principal.

Crítica: Me sinto meio idiota fazendo uma crítica da história de Jesus, então vamos deixar claro que o que avalio aqui é o texto do Frei Beto. Agora não me sinto mais ridícula nem idiota, só serei repetitiva em dizer o quanto o autor escreve divinamente. Confesso que nunca, apesar de inúmera tentativas, cheguei a ler a bíblia. Sou católica e tudo que conheço do novo ou do antigo testamento são os trechos que ouço na missa. Imagino que uma grande quantidade de pessoas sofra do mesmo mal: preguiça de entender melhor a história. Cada vez que ouvimos um pedaço do discurso do padre, tentamos juntá-lo a outros pedaços, mas na verdade não sabemos a ordem certa das coisas, pois a leitura dos textos segue o nosso calendário e não a ordem dos acontecimentos na vida de Jesus.
A cronologia é um dos grandes acertos do autor. Uma coisa tão óbvia e me parece que jamais alguém tenha pensado nisso. Ao contar a história de Jesus do início até os dias de hoje, Frei Beto nos espanta com a simplicidade que é reconhecer início, meio e fim numa trajetória que sempre nos pareceu conturbada, cheia de idas e vindas,num misto de narrativas dos apóstolos com ensinamentos de catecismo e homilias confusas. Na verdade, é errado falar em fim quando se trata da história de Jesus e, lamento estar estragando o final do livro, mas o maior acerto do autor é nos fazer entender a dimensão da eternidade da missão divina, ou, se não entender, pelo menos acreditar, já que também nos ensina o livro que a fé não se trata de compreensão e sim de crença. Por mais que eu fale, acho que não conseguirei contar todos os ensinamentos com que o autor nos presenteia, são coisas que todos nós pensamos que já sabemos, mas só descobrimos de verdade ao entender o quanto não sabemos. É como se, ao vislumbrar um enorme horizonte a ser percorrido, conseguíssemos finalmente perceber o quanto do caminho já foi feito. A história de Jesus contada por Frei Beto não é só a história de Jesus, é uma maneira de revelar a história da humanidade por um olhar diferente de tudo, inclusive da bíblia. Ao humanizar Jesus Cristo, Frei Beto repete a intenção divina de nos fazer entender nossa criação segundo Sua imagem e semelhança. Por isso, ler Um homem chamado Jesus promove uma verdadeira transformação do leitor em apóstolo, aprendiz de alguém muito sábio. Um autor chamado Frei Betto.

Gisela Cesario