Saturday, October 09, 2010

O palácio de Inverno – Jonh Boyne

Sobre o quê: Georgui, hoje com 82 anos, se lembra bem como as guerras e as mudanças na Europa transformam sua vida sem serem capazes de abalar seus sentimentos.

Crítica: Quem vive num palácio de inverno tem pelo menos três certezas. Um dia ele não será mais palácio. Noutro não será mais seu. E, por fim, acabará o inverno.
Escrevi essa declaração enigmática quando terminei de ler o Palácio de Inverno de Jonh Boyne. Sinceramente, minha memória não me permite lembrar se escrevi a resenha de o menino do pijama listrado. Bom, pode-se dizer que ele começou absurdamente bem e não saiu do ritmo.
Mais: ele melhorou.
Ouso dizer que o Palácio de inverno é ainda melhor do que o menino do pijama listrado, simplesmente pelo fato de nos proporcionar mais momentos, de ser mais longo e complexo, demorar mais a terminar.
Normalmente, a complexidade não é algo que me atrai num livro. Prefiro histórias simples e lineares, menos prováveis de se cometerem erros. Porém, nem os nomes russos me afastaram dessa obra de John Boyne. Eu sabia que alguém que foi capaz de transformar o nazismo numa história de amizade não iria falhar diante um monte de nomes cheios de consoantes.
O Palácio de Inverno também fala das guerras e também fala da mesma maneira comovente, com os olhos, os ouvidos e principalmente a boca dos que vivem e não simplesmente emitem uma opinião.
Novamente, John Boyne nos mostra o lado real, onde não há o certo e o errado, os mocinhos e os bandidos, mas simplesmente seres humanos tentando tirar o melhor da posição que o destino lhes concedeu.
A sensibilidade do autor chega a parecer auto-biográfica. Se, no menino do pijama listrado, a historia era de amizade, aqui ela é de amor. Uma história mais forte que a guerra porque trata de um amor mais forte que todos os motivos da guerra.
O menino Georgui começa como um senhor de 82 anos e, sem querer estragar o livro para os que não leram, posso adiantar, ele conta somente uma história, a sua com a sua amada.
Dizer mais iria tirar um dos grandes prazeres de ler Jonh Boyne, saber que o amor é tão inevitável e tão inerente ao ser humano quanto a mais cruel das guerras. A diferença é que as guerras são como o inverno enquanto o amor, pelo menos segundo o autor, pode ser eterno.(rimou sem querer, juro.)
Gisela Cesario