Monday, July 25, 2005

Assassinato na ABL

Sobre o quê: Uma mórbida coincidência dá início a uma história de assassinatos: um senador que acabara de escrever um livro sobre o envenenamento de todos os imortais é envenenado e morre no dia de sua posse na academia. Essa é a apenas a primeira da série de mortes que terá que ser desvendada pelo comissário Machado Machado, cujo pai era fã de Machado de Assis.

Crítica: É ótimo. Todo mundo devia ler. Pronto. Podia acabar a crítica por aqui mesmo, mas preciso chover no molhado. Bom, Jô Soares é engraçado. Alguém sabia disso? Mesmo quem já esqueceu aquele gordo do viva o gordo, se é que isso é possível, vai reencontra-lo lá nas páginas do seu assassinato na ABL. Alguns diálogos parecem ter saído de dentro do programa, você pode chegar a imaginar o cenário e os personagens fantasiados. Pero, sin perder la seriedad Del mysterio...Sim. Mais uma vez Jô nos mostrar que joga nas onze e ainda faz gol de cabeça. Sem a comédia, seria um ótimo livro de mistério, pois todos os ingredientes do policial perfeito estão lá: envolvimentos amorosos, noites mal dormidas, pistas indecifráveis, suspeitos prováveis, suspeitos possíveis e, claro, um final surpreendente e totalmente lógico. Agora, sem o mistério, seria um ótimo livro de humor, porque nosso detetive é o Jô, nosso suspeito é o Jô, os membros da ABL, as mulheres fatais, os motoristas, os mordomos, todos são o Jô, com o mesmo humor impagável. Mas mesmo sem o mistério e sem o humor, seria um ótimo livro de literatura porque nos faz viajar no tempo até 1920 com todos os detalhes. Se fosse um filme, seria um daqueles em que você fica procurando um erro no cenário e se surpreende com o cuidado da produção. Não faltam nem os anúncios de remédio para tosse no bonde. E como as palavras são o cenário de um livro, Jô nos cerca de termos charmosos e rebuscados, de um português que, apesar de pedir um Aurélio de vez em quando, nos envolve num encantamento histórico tão grande a ponto de lá pelo meio do livro estarmos passeando bem à vontade pelas ruas do início do século passado. Li uma crítica ruim a este livro e confesso que fiquei torcendo para que o autor da crítica estivesse errado, para que fosse inveja, sei lá. Comecei a ler com o pé atrás ( leio bem nessa posição) e fui até o fim assim, mas valeu a pena porque pude confirmar com todas as letras das belas e perfeitas palavras de Jô. Se alguém falou mal era inveja. Ou sei lá.

Gisela Cesário

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