Wednesday, October 24, 2007

Mente Assassina – P.D. James

Sobre o quê: Um assassinato numa clínica psiquiátrica famosa de Londres coloca médicos e outros funcionários sob suspeita. Para desvendar o mistério, é chamado o inspetor Adam Dalgliesh.

Crítica: Como dizia aquele nobre filósofo, “de onde menos se espera é que não sai nada mesmo”. Talvez se eu tivesse esperado menos, claro, minha decepção teria sido menor. Mas como esperar pouco de um enredo desses? Londres, clínica psiquiátrica, médicos e loucos se misturando, assassinos, um inspetor frio, noites frias, neblina. Tenho a impressão que até a mãe do Romário de cadeira de rodas faria um gol desses, né não?
Infelizmente, PD James bateu pra fora e perdeu a chance de usar todos os elementos de um clássico de suspense para fazer um clássico de suspense.
Basicamente, a história é arrastada, apesar, mais uma vez apesar, de todos os elementos necessários para ser dinâmica. Os eventos não são encadeados, os personagens se movem num ambiente aparentemente sem gravidade, seus atos parecem não surtir efeito. O próprio inspetor não diz ao que veio, não assume personalidade alguma, inicia um romance com uma personagem que simplesmente desaparece da história ( bem fez ela).
Não é preciso entender muito de literatura para saber o seguinte: o mínimo que um suspense deve fazer é despertar sua curiosidade para o final. Em Mentes Assassinas, há excesso de brumas, aliado à chata mania de colocar nomes parecidos em personagens que nos confundem, tudo isso numa estrutura média, o livro não chega a ser ruim. Não é um texto que nos faz sentir raiva e vontade de joga-lo na parede. O problema é que ele desperta uma expectativa que jamais é satisfeita. Mas para matar a esperança de um leitor de mistério só no final mesmo, porque a gente sempre espera uma reviravolta de duas páginas pelo menos, algo que vai nos compensar por tanto lenga lenga. Bom, em Mentes Assassinas essa esperança morre também junto com as outras mortes do fim do livro. Nada que surpreenda alguém. Nada que justifique alguma coisa. Ao que tudo indica, PD James é uma escritora competente que, pouco inspirada, usou uma fórmula básica como alternativa à criatividade, por isso gerou uma obra oca, sem o conteúdo que fizesse jus à sua aparência de bom mistério.
Acho que isso pode se chamar de contar o final do livro. Mas tudo bem, nesse caso, não vale a pena nem começar.
Gisela Cesario

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