Tuesday, October 23, 2007

Todo mundo que vale a pena conhecer - Lauren Weisberger

Sobre o quê – Ela trabalha no UBS, um conhecido banco de investimentos, e tem um função considerada pouco glamourosa no universo feminino: atender a investidores descontentes, garantindo que a melhora dos seus rendimento é só uma questão de tempo. Ela está insatisfeita e, no meio de uma discussão com seu chefe, lhe escapa da boca um pedido de demissão. Pronto. É o início de uma nova vida onde ser fútil não é fútil, é básico.

Crítica: Lauren provou que tem talento ao escrever “O Diabo veste Prada”, nunca é demais lembrar o quanto o livro é enérgico, hilariante e pertinente. Ao escrever “Todo mundo que vale a pena conhecer”, Lauren provou que é um ser humano, ou seja, está sujeita a falhas.

A última obra da autora está longe de ser tediosa, o ritmo, ainda que tenha se tornado mais lento, continua frenético o suficiente para fazer 300 páginas parecerem 30. As situações engraçadas também estão longe de serem sem-graça, o texto continua fazendo o leitor rir sozinho com cara de pateta para quem está olhando. Porém, contudo, entretanto...O livro também está longe de ser tão bom quanto o primeiro. Errar é fácil. Todo mundo sabe como acontece. Os problemas são solucionados rápido demais, situações inverossímeis assumem ares de gran finalle, a contagem do tempo parece estranha. Finalmente, alguma coisa nos dá a impressão de baboseira. Deixando minhas considerações sobre o termo “literatura feminina” e suas implicações de lado, toda mulher quer um príncipe encantado, porém se ele estiver barbeado demais, se o cavalo for branco demais e se o castelo brilhante de doer, fica tudo meio chato...Filosoficamente, todas queremos ser barbies mas nenhuma de nós quer transar com o idiota do Ken ( ou seria Bob?)

O que estou tentando dizer com esse festival de metáforas é que a autora começou escrevendo um libelo contra repressão de empregos chatos e terminou num conto de fadas. Sempre gosto de deixar claro que, quando escrevo sobre um alguém de quem já li algo, comparo a pessoa com ela própria. Comparada a qualquer outra autora comum, Lauren teria escrito um ótimo e divertido livro. Comparada a autora de “O Diabo veste Prada”, ela produziu um esboço de piadas boazinhas numa narrativa leve, doce e gostosa. E, talvez no esforço de continuar assim, o final tornou-se doce demais até ficar enjoativo.

Há que se admitir, entretanto, que a Weisenberg conhece a alma feminina e sabe lidar com ela. Por isso, e apesar de tudo que escrevi acima, reconheço que somos seres cheios de contradições e recomendo o livro a quem estiver a fim de umas boas risadas.
Gargalhadas mesmo, creio e espero, vão ficar pro próximo.

Gisela Cesario

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