Tuesday, January 16, 2007

Cassino Hotel – André Takeda

Sobre o quê: João Pedro é um guitarrista que namora uma cantora adolescente, líder de banda em que ele toca. Justamente no seu aniversário de 30 anos, a imprensa descobre o passado dele com álcool e drogas. Sob a ameaça de destruir a carreira da namorada, ele é obrigado a abandoná-la e reencontrar personagens do seu passado numa remota praia do Rio Grande do Sul.


Crítica: Tudo ia bem até que...Essa frase interminada bem poderia resumir tudo que vou dizer nessa crítica. A verdade é que não dá pra perceber direito quando o autor decide parar de escrever um romance e começar a escrever tudo que lhe der na telha, encontrando espaço inclusive pra conversar com o leitor, que, falo por mim, não estava a fim de papo e sim de saber o que ia acontecer.
Explico: O texto começa legalzinho, se dá pra lembrar que o autor é iniciante,essa lembrança se dissipa quando ele consegue voltar nossa atenção exclusivamente para a história de Jõao Pedro que reencontra a ex-namorada numa volta forçada ao sul do Brasil. Ela está casada com o melhor amigo dele e, para sua surpresa, ele descobre que seu rival ficou cego. Interessante, não é? Você quer saber o que vem depois? Desista. Depois não vem nada, o autor se perde e a gente fica tentando encontrá-lo até o fim do livro.
Com todos os personagens na praia de Cassino, a ex-namorada,o melhor amigo cego,o pai de João Pedro e até a namorada adolescente, o clima é daqueles filmes americanos de grandes revelações no natal da família mac gregor. Isso, todos sabemos, pode resultar em uma imensa xaropada ou numa história emocionante. Aqui não acontece nem uma coisa nem outra. Num certo momento do livro a gente se sente no meio de uma liquidação “o patrão ficou maluco”.
Faço questão de transcrever um pequenino trecho: “Então, largue esse livro de uma vez e cale sua boca no beijo de alguém..” Isso foi na página 143, eu não segui o conselho do autor e continuei até a 192 que onde o livro acaba. Veja bem, o livro, não a história. Essa, se é que alguma história foi contada, acaba algumas páginas antes. O que vem depois são dois apêndices. Por favor, não estou brincado. Nesses apêndices, temos reveladas as fontes de inspiração do autor, como diabos ele fez para escrever essa maravilha, inclusive qual música foi a trilha sonora do último páragrafo.
Realmente, é um livro inesquecível, pode-se acusar esse André de tudo, menos de modéstia. Além do trecho que transcrevi, muitos outros têm simplesmente a função de nos provocar, dizer que você caiu numa armadilha e vai ter que conversar com alguém que você não tem a menor idéia de quem seja. Mas se você vir Cassino Hotel numa livraria, faça o que eu devia ter feito e dê ouvidos ao que esse alguém diz: “largue esse livro de uma vez”.

Gisela Cesario

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