Tuesday, January 30, 2007

A décima Segunda noite – Luis Fernando Veríssimo

Sobre o quê: A adaptação da obra de Shakespare tem como narrador o papagaio Henri. Ele vive num salão em Paris e precisa relatar a um gravador a história que presenciou. Uma complicada trama de contrabando em imagem de santos onde todo mundo se apaixona, inclusive o papagaio.

Crítica: Veríssimo é, desde sempre, um escritor genial. O mínimo que se pode dizer sobre seu romance é que faz juz à genialidade e à fama do autor. Como se fosse um ginasta consagrado que, mais uma vez, nos deixa fascinados com um salto perfeito.
É um livro para ser lido numa tarde se você não for como eu. Tenho muita pena de devorar um texto desses de uma vez só, porque sei que não existem muitos veríssimos por aí pra eu ler depois.
Assim, tentei ir o mais devagar possível, porém “A décima Segunda Noite” exige uma certa agilidade. São muitos personagens, a história é frenética, o rimto da narração é intenso e o papagaio está nervoso.
Quando terminei a leitura lenta, decidi ler tudo novamente, mas de um fôlego só. E foi ainda melhor. Veríssimo escreveu um filme, daqueles que não se deve parar no meio.
Henri não é só o único papagaio que conversa, ele também se apaixona. E, sofre, do seu poleiro, com as aventuras de sua amada. Mas a delicada alma de Henri não só está aprisionado em um corpo de papagaio, como também padece pelo fato de suas penas serem cinzas. Por isso, sua dona o cobre constantemente com camadas de tinta verde e amarela que ressaltem sua origem brasileira e o façam ser atração do salão. O problema é essa tinta também sufoca nosso narrador, que, por medo de não sobreviver a essa intoxicação, tem pressa de contar tudo. Claro que todos os leitores do Veríssimo gostariam que o papagaio continuasse falando por muitas páginas e páginas. Afinal, uma ave assim é coisa rara. Rara como um Veríssimo.

Gisela Cesario

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